ATA DA OCTAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 18.08.1987.
Aos dezoito
dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Octagésima Terceira Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa
Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a
existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Octagésima
Segunda Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de
“quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Pedido de
Providências, solicitando melhoria nas ruas que servem de acesso à Escola de 1º
Grau Almirante Barroso e adjacências; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 71/87
(proc. 1781/87), que declara de utilidade pública a Unidade-Associação para
Pesquisas Policiais; pelo Ver. Aranha Filho, 03 Emendas ao Projeto de Lei do
Executivo nº 30/87 (proc. nº 1072/87), que cria o Fundo Municipal para
restauração, reforma, manutenção e animação do Mercado Público de Porto Alegre;
pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 57/87 (proc.
nº 1494/87), que denomina Praça Tristão Sucupira Viana um logradouro público;
pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 72/87 (proc. nº
1789/87), que denomina Rua Josué Guimarães um logradouro público; pelo Ver.
Nilton Comin, 01 Pedido de Providências, solicitando calçamento na Av. Carlos
Gomes, entre a Av. Luís Manoel Gonzaga e Rua João Caetano; pelo Ver. Paulo
Satte, 03 Pedidos de Providências, solicitando implantação da rede de esgoto
pluvial no Beco do Sebo; ensaibramento da Rua “C”, Vila Caiu do Céu; rede de
iluminação pública a vapor de mercúrio para a Rua “C”, Vila Caiu do Céu; pelo
Ver. Werner Becker, 01 Projeto de Resolução nº 24/87 (proc. Nº 1737/87), que
altera dispositivos da resolução nº 785, de 05.10.83 (Regimento Interno da
Câmara Municipal de Porto Alegre) e dá outras providências; 01 Projeto de
Emenda à Lei orgânica nº 64/87 (proc. nº 1736/87), que insere parágrafo 2º ao
artigo 44 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. Do EXPEDIENTE constou
Ofício nº 10/87, da Comissão de Educação e Cultura; Telegrama do Sr. Sílvio
Santos. Em continuidade, constada a existência de “quorum”, foi aprovado
Requerimento do Ver. Caio Lustosa, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares, no dia de hoje. A seguir, o Sr. Presidente declarou
empossado na Vereança o Ver. Marcinho Medeiros e, informando que S. Exa. já
prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo,
comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Justiça e Redação. Em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Cleom Guatimozim falou sobre o Projeto de Lei que cria o
Fundo Praia do Rio Guaíba, que será encaminhado à Casa, comentando a grandeza e
o interesse social que o mesmo apresenta. Discorreu sobre a possibilidade de
que seja permitida, pela Prefeitura Municipal, a instalação, pela Petrobrás, de
quatorze postos de gasolina no Município em troca de urbanização das áreas onde
se encontrem estes postos, lamentando que vários projetos já cheguem a esta
Casa com o rótulo de interesse privado, o que muitas vezes não condiz com a
realidade. A Ver.ª Gladis Mantelli teceu comentários sobre o aumento concedido
às tarifas de transporte coletivo em Porto Alegre, criticando a posição
assumida pelo Pref. Alceu Collares que, conforme declarações anteriores, disse
que só haveria majorações se a Portaria do Governo Federal fosse impositiva.
Destacou o grande ônus que estes aumentos representam para o trabalhador
porto-alegrense e discorreu sobre posicionamento assumido pelo Ver. Isaac
Ainhorn, contrário a esta majoração. A Ver.ª Bernadete Vidal denunciou a venda
de rifas falsas por grupos de cegos em nossa Cidade, atentando para a imagem
negativa que isso criará para os demais grupos dessa categoria que buscam a
sobrevivência através de seu trabalho. Criticou o descaso com que a SMIC vem
tratando o problema dos ambulantes, em especial daqueles que são deficientes
físicos, salientando que isso contraria as promessas feitas pelo Prefeito Alceu
Collares na época que antecedeu as eleições municipais. Em COMUNICAÇÃO DE LIDERANÇA,
o Ver. Jorge Goularte leu notícia publicada no Jornal Zero Hora, sobre a
municipalização da saúde pública em Canoas, e as declarações do Secretário
Olímpio Albrecht, favoráveis a esta municipalização. Disse estranhar este
posicionamento de S. Sa., tendo em vista que o Executivo Municipal vetou
Projeto aprovado por esta Casa, da criação de Centros Integrados de Saúde em
Porto Alegre, analisando o assunto. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Ennio Terra
comentou os acontecimentos em matéria de arte em nossa Cidade, incentivados
pelo Prefeito Alceu Collares, como o Projeto Evaldo Roque no Teatro Renascença,
que terá início dia primeiro do próximo mês, congratulando-se com S. Exa. por
esta iniciativa e lendo notícias publicadas nos Jornais Zero Hora e Diário do
sul a este respeito. O Ver. Hermes Dutra falou do Projeto Rio Guaíba e sobre o
saneamento deste rio, ressaltando a necessidade de que os afluentes do mesmo
recebam idêntico saneamento, tendo em vista que muitos atravessam zonas
industriais onde o nível de poluição é bastante elevado. Disse que fará um
trabalho juntamente com a Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa, para
que sejam iniciadas conversações com os Legislativos das Cidades que margeiam
estes afluentes, na busca de soluções para este problema. O Ver. Aranha Filho
reportou-se aos pronunciamentos feitos hoje, na Casa, acerca da saúde pública,
destacando a importância da questão e solicitando, dos Governos municipais,
estaduais e federais, prioridade para o setor de saúde. Comentou os problemas
enfrentados por Porto Alegre pelas chuvas, com os constantes alagamentos,
lamentando que o DEP não receba as condições necessárias para a solução destes
problemas e discorrendo sobre os malefícios ocasionados por uma administração
de crise e não preventiva. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Aranha Filho deu
continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, salientando a falta de
infra-estrutura dos governos municipais para o saneamento das cheias em nossa
região, alertando para a necessidade de um estudo prévio por parte do Executivo
para que o quadro hoje apresentado pela Cidade não volte a se repetir no
próximo ano. Solicitou que sejam dadas ao DEP e à Defesa Civil condições
adequadas para a perfeita execução dos objetivos para os quais foram criados. O
Ver. Flávio Coulon discorreu sobre matéria publicada na edição de domingo do
Jornal Zero Hora, “O povo no governo”, analisando a mesma e solicitando da
Bancada do PDT a elucidação quanto à autoria daquele texto. E o Ver. Ennio
Terra reportou-se ao pronunciamento de hoje, do Ver. Flávio Coulon, acerca da
autoria de matéria publicada no Jornal Zero Hora, intitulada “O povo no
governo”, dizendo ter sido ela paga pelo Ver. Vladir Fraga. Comentou documento
enviado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio Grande do
Sul, onde é colocada a posição oficial deste Instituto acerca do projeto Praia
do Guaíba, analisando o mesmo e lamento o uso, ali, de algumas expressões não
condizentes com o alto nível profissional dos integrantes do IAB. Nada mais
havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e
cinqüenta e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para as Reuniões
das Comissões Permanentes e para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray,
Luiz Braz e Frederico Barbosa. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será
assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Passamos
ao período de
COMUNICAÇÕES
O primeiro orador inscrito é o Ver. Cleom Guatimozim. V. Exa. tem dez
minutos.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, há necessidade urgente de uma mudança de mentalidade neste Rio
Grande, saindo do provinciano, para não ocupar o pódio dos eruditos, mas para
uma situação melhorada no que se refere a uma visão, principalmente da nossa
Cidade. As cidades evoluem das mentalidades tacanhas, as pequenas
transformam-se em metrópoles e as metrópoles em megalópoles. Mas a evolução é
incontida. Bastou com que o Prefeito Alceu Collares anunciasse que as margens
do Rio Guaíba construiria, não só uma pista de ventos especiais, mas
apresentaria uma urbanização com pavimentação, iluminação, hotéis, deslocando
praticamente o Centro, principalmente da noite e do lazer diário, para aquele
local, para que aparecessem sempre opositores dessas idéias de melhorias.
Os jornais de domingo, principalmente o “Jornal Zero Hora”, publicou
uma entrevista com bastante destaque do Instituto dos Arquitetos do Brasil,
Seção do Rio Grande do Sul. Aonde, após pequenos elogios à pretensão da
prefeitura, colocam uma série de questões, e, entre elas a mais sentida é a de
que apenas um homem, apenas um arquiteto elaborou um plano para a Cidade de
Porto Alegre. Até aqueles que nada entendem da situação, até mesmo o povo que
acompanha apenas as notícias dadas pela imprensa, chegaram à conclusão de que o
protesto era antes de tudo uma ciumeira daqueles que ficaram de fora do
Projeto, daqueles que não tiveram a oportunidade de elaborá-lo.
Entre as grandes obras da Administração Alceu Collares, nós poderemos
no futuro destacar aquela obra que já foi chamada de Copacabana
Porto-Alegrense, que é a obra às margens do Rio Guaíba. No primeiro momento,
Srs. Vereadores, no projeto que vem a esta Casa e que cria o fundo do Projeto
Rio Guaíba, nós notamos que as obras ali previstas e as finalidades do fundo
são de grande nobreza e interesse da comunidade, porque se destinam a socorrer
as vilas. Num segundo momento, uma autorização, para que a Prefeitura Municipal
possa contratar com a Petrobrás a instalação de quatorze postos de gasolina,
dentro do território do município em troca de urbanização e obras que esta
empresa estatal fará. Mas o interessante é que aqueles que desconhecem as
obras, o contrato e que sempre se colocam contra a relação entre o poder
público e iniciativa privada, como se não vivêssemos num país capitalista,
esses, desconhecendo esta situação, já acusaram o município de relações com as
empresas privadas, de benefícios para as empresas privadas, quando o benefício
primeiro será de uma empresa estatal, a Petrobrás.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, não sei se seria pedir demais, mas
gostaria que igual proposição e oferecimento fosse feito à Cia. Ipiranga de
Petróleo, que é nossa, é do Rio Grande, também como a Petrobrás. Mas acharia
interessante para que a coisa fosse transparente, que fosse oferecido também à Ipiranga.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Veja, Vereador, que devo
confessar que penso como V. Exa. que todos devem concorrer, entretanto se
tivesse a Prefeitura contratado com uma empresa privada a citada por V. Exa.,
as acusações seriam até muito contundentes como já ocorreram nesta Casa por
parte de alguns Vereadores, quando voltam aqui relações com empresa privada,
como se vivêssemos não num país capitalista e como se não tivesse a necessidade
de haver as relações entre o poder público e a iniciativa privada. Pois bem,
esse contrato é com a Petrobrás.
O Sr. Aranha Filho: Esse contrato já está
firmado?
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Não.
O Sr. Aranha Filho: Volto a solicitar de V.
Exa. que faça o oferecimento, também, à Ipiranga de Petróleo.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: O contrato está sendo
elaborado, para ser apresentado, já que é um contrato bilateral, que envolve
duas partes. Eu, sinceramente, não pude entender até hoje, pois é bastante
difícil de entender, as restrições à iniciativa privada. Qualquer Projeto que
se vote nesta Casa vai beneficiar um grupo de empresários, e não deve ser
votado, não deve ser feito. Acho que, o nosso sistema econômico, a forma como
está estruturada a economia brasileira, devem florescer esses contratos com as
empresas privadas, para que haja mais mercado de trabalho, principalmente para
isso. E uma maior participação do cidadão na vida do seu País, do seu Estado e
da sua Cidade. Ora, quem obtém lucros, põe capital em risco. E se a iniciativa
não é livre, como alegam alguns, porque poucos teriam condições de ter capital
necessário a essa iniciativa, há necessidade de que uma fomentação e um
aquecimento desse setor possa aumentar essa participação. Mas eu dizia que o
contrato, agora, não é com a iniciativa privada. Então calaram-se alguns que sempre
falam contra a iniciativa privada, para surgirem outros, que demonstraram a
ciumeira de não terem elaborado o Projeto principal, como desnecessário à
Cidade, dizendo que outros aspectos importantes deveriam ser abordados. Mas,
considerando essa mentalidade, que do nosso ponto de vista é tacanha, esta
Cidade nunca será um desenvolvimento necessário a abrigar a sua população. Mas
com a existência, ou não, dos Legislativos, com a existência, ou não, dos
homens públicos, com as restrições, com as aberturas, nada disso impedirá que
esta metrópole se encaminhe, para o rumo que foram as grandes cidades do mundo
todo, que é a organização de uma megalópole. As restrições, hoje, são maiores
do que ontem, dependendo, naturalmente, da mentalidade daqueles que estão no
poder. Esta Casa tem, em todas as oportunidades, procurando dar cobertura
àqueles Projetos que se apresentam nesta forma de transformar a cidade de Porto
Alegre, numa cidade mais evoluída, numa cidade que tenha uma maior consideração
nos grandes centros do País, como sendo, não uma província, mas uma cidade que
respira livremente à noite, que tem vida noturna, que tem um comércio acelerado
e que tem uma população que não é aquela prevista nos censos de 70 ou de 80 -
censos fraudulentos - mas uma população real que, agora, com a abertura
democrática, pode ser auferida em todas as capitais, para que saiba,
efetivamente, qual é a população brasileira. Então, em parte, nos causou
surpresa, que atacassem, já, o Projeto Rio Guaíba, que está no papel, quando não
há nenhuma ralação com a iniciativa privada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Ver.ª Gladis
Mantelli por cessão de tempo do Ver. Caio Lustosa.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu gostaria de manifestar a minha estranheza em relação à decisão
tomada no que se refere à majoração dos preços do transporte coletivo de nossa
Cidade. O Secretário Municipal dos Transportes, Ver. Elói Guimarães, informou
através da imprensa que tal aumento foi proposto em decorrência da portaria nº
283, de 11 de agosto, do Ministério da fazenda, que autoriza uma elevação
máxima do transporte coletivo de Cz$ 1,50. Bom, eu considero que é importante
termos consciência de que o objeto da portaria citada é atualizar o preço das
tarifas naquelas cidades que este se encontrava defasado no início do
congelamento; tal decisão não tem sentido numa cidade como Porto Alegre, na
medida em que estas haviam sido atualizadas pouco antes do início do
congelamento e sem mencionar ainda que a portaria em questão não inclui outro
tipo de transporte coletivo como os táxis-lotações que também tiveram seus
aumentos majorados. Em conseqüência de tal aumento, será única e exclusivamente
o de penalizar ainda mais o nosso trabalhador, principalmente, os mais
humildes, cujos vencimentos recebidos equivalem ao piso nacional salarial. Além
disso, na semana passada, em matéria veiculada na imprensa o Prefeito Alceu
Collares, matéria do dia 7/8/87, alegava que só concederia o aumento se o mesmo
fosse impositivo; está aqui a matéria, não sou eu quem está dizendo, e todos
nós sabemos que o decreto não foi impositivo; o decreto simplesmente dizia que
poderia ser majorado. Além disso, também, no dia 13/8, o Ver. Isaac Ainhorn, em
matéria aqui colocada, fazia uma veemente crítica ao Presidente da Associação
das empresas do transporte coletivo, José Alberto Guerreiro, dizendo que o
mesmo desconhecia toda e qualquer autoridade, em especial, do Executivo
Municipal e da Câmara Municipal por querer determinar, de antemão, que as
tarifas em Porto Alegre seriam aumentadas; o Dr. Guerreiro estava certo, era a
única notícia correta no jornal naquela semana, a do Presidente da Associação.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu assisti o Ver. Isaac Ainhorn da tribuna dizendo
que o Sr. Guerreiro não conhecia a escala de valores, que esta cidade tinha um
Prefeito, tinha uma Câmara de Vereadores, e que ele se insurgia e anunciava o
aumento da passagem. A partir daí comecei a pensar que a passagem não iria
aumentar porque o Ver. Isaac Ainhorn deveria saber o que estava dizendo. Aos
meus amigos eu dizia que a passagem não iria aumentar; para alguns passei por
mentiroso, ma o Ver. Isaac Ainhorn nos deve uma explicação porque ele chamou o
Sr. Guerreiro de ter avançado o sinal e outros adjetivos que não me recordo.
Acredito que o prefeito de Porto Alegre é o Sr. Guerreiro.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Pelo menos em relação à
questão das tarifas achamos que isto é verdade. Além disso, também o Líder da
Bancada do PDT, semana passada, na Rádio Sucesso dizia isso: que não seriam
aumentados os transportes coletivos em Porto Alegre, sob hipótese alguma.
Perece-me que aqui todos dizem uma coisa, objetivando, na realidade, outra.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da
oradora.) Parece-me que tudo isto guarda uma coerência, inclusive com o
discurso que ouvi do Líder da Bancada do PDT, da tribuna, pois ele fez uma
apologia da iniciativa privada. O Governo Socialista do PDT incentiva a
iniciativa privada dos transportes e premiou o táxi-lotação com aumento de 2
cruzados, quando a Portaria do Sr. Ministro e nada se referia e como sabe V.
Exa., há tempos atrás de Substitutivo que entrou à última hora aqui, aumentaram
brutalmente a tarifa do táxi-lotação, tudo no sentido de incentivar a
iniciativa privada com a qual o Governo Socialista tem um grande compromisso,
pois fazem a apologia da iniciativa privada. Para complementar: o Governo
Municipal de Pelotas, do PMDB não aproveitou essa Portaria para aumentar as
tarifas do transporte coletivo lá.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora, nem tanto à terra, nem tanto ao
mar. O Ver. Cleom Guatimozim fez algumas colocações e agora o Ver. Flávio
Coulon, Líder do PMDB, faz outras colocações relacionando a iniciativa privada
com o Governo Municipal, mas já passaram diversos por esta tribuna e estão
mordendo a língua quase constantemente, de ter que dar explicações logo a
seguir. Eu só não gostaria que acontecesse com o Líder do PMDB. É que o PMDB em
nível de Governo Estadual também irá necessitar da livre iniciativa e este
Vereador em nenhum momento vai dizer que uma correlação, uma união de forças
com a livre iniciativa é sinônimo de corrupção. Eu não vou dizer isso...
O SR. FLÁVIO COULON: V. Exa. está colocando
palavras e pensamentos que jamais coloquei aqui. Eu não sei qual é a intenção
de V. Exa.
O Sr. Aranha Filho: Ver.ª Gladis Mantelli, V.
Exa. está dando aparte a mim ou a outro Vereador?
Então, só para complementar eu diria que é uma idéia toda minha, toda
particular, é que sem a livre iniciativa nenhum Governo se viabiliza. Agora,
sinônimo de aliança com livre iniciativa não é sinônimo de corrupção.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Nobre Vereador, eu não
preciso fazer a defesa do Ver. Flávio Coulon, ele é suficientemente adulto,
inteligente e capaz para fazê-lo, mas eu acho que não houve esta colocação no
aparte do Nobre Vereador. Digo a V. Exa. se o regime econômico deste País é o
regime capitalista e não é nenhum outro, quer dizer, até que não seja outro, a
iniciativa privada tem que ter o seu espaço. Acho isso uma questão de
coerência, é uma questão de capacitação e nada mais do que isso. E,
evidentemente, que os Governos que atuem, não importa em que nível, terão que
atuar colegiadamente de uma forma ordenada coma iniciativa privada. Isso, nobre
Vereador, acho que é uma temática pacífica e eu não senti, talvez V. Exa. Tenha
sentido desta forma, mas eu não senti no aparte do Ver. Flávio Coulon esta
intenção.
(Tumulto no
Plenário.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
A Mesa consulta a oradora Ver.ª Gladis Mantelli se deseja conceder os apartes.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Informo que gostaria de
encerrar o meu pronunciamento.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa solicita aos Srs.
Vereadores do Plenário permitam que a colega termine seu pronunciamento.
A SRA. GLADIS MANTELLI: Em termos de que o meu
pronunciamento que visava um determinado assunto acabou sendo desviado para
outro lado, fica difícil ser concluído. Mas o que considero que tenha
transparecido é que só as empresas privadas do transporte coletivo interessa
tal assunto. Em caso aqui especificamente, nobre Ver. Aranha Filho, pois
somente elas são ouvidas, usando deu poder de pressão, obtendo desta forma
sucessivos aumentos. Mas tal situação não caracteriza uma reciprocidade ao
usuário, pois os serviços prestados a estes não sofrem uma melhora, na medida
em que as frotas dessas continuam a apresentar contínuos problemas mecânicos, e
de ordem geral, como poucos ônibus para atender as linhas, não cumprimento dos
horários de largada e chegada, atrasos, sujeira, enfim, condições precárias.
Então, suponha-se que tendo em vista o permanente atendimento das
reivindicações dos empresários do setor de transporte, no mínimo, poderiam
apresentar condições adequadas de trafegar esses ônibus na cidade de Porto
Alegre. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: A próxima oradora inscrita é
a Ver.ª Bernadete Vidal, que tem a palavra.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores. Gostaria de tratar de um assunto que, sob várias formas, venho
tratando desde que cheguei na Casa e hoje sob uma forma nova e até polêmica,
penso. E vou dividir este assunto em duas partes, porque infelizmente eu me
vejo constrangida, magoada, sentida, mas tenho que falar. Trata-se da imagem
que alguns cegos estão criando para todos os cegos de Porto Alegre
especialmente da Grande Porto Alegre.
Sabem, V.Exas., que um deficiente é assim caracterizado apenas pela
deficiência que porta, no mais - é lugar comum já, - mas é uma pessoa normal,
com defeitos, qualidades, confirmação boa ou má, com moral bem formada ou não,
com senso de moral ou sem ética, é um ser humano exatamente igual aos outros. E
sendo assim, Srs. Vereadores, eu quero me manifestar contrária, eu quero
denunciar até a “gang” que está se formando, são poucos, graças a Deus são
poucos, cegos que estão vendendo rifas frias na cidade de Porto Alegre. Estão
entrando nas empresas, Ver. Jorge Goularte, estão entrando nos bancos, nos
edifícios, no comércio em geral vendendo rifas sem jamais terem entregado o
prêmio. Infelizmente estão sendo acobertados pela mesma impunidade, é verdade,
que não processa os colarinhos brancos, que não prendem certos bandidos
perigosos que se escondem acobertados por aí e que está causando toda essa
iniqüidade e toda essa vergonha e miséria para o nosso Brasil. E os cegos
dentro deste mesmo processo também estão fazendo esse tipo de delinqüência.
Ocorre, Srs. Vereadores, que quando se trata de uma pessoa que não é cega é uma
pessoa a mais e a inquietude está solta mesmo, as bruxas se soltaram mesmo.
Agora, quando se trata de um grupo de cegos, embora pequenos, eles estão
agravando, causando vergonha, vexame, estão trazendo consigo a imagem dos
outros cidadãos cegos que querem trabalhar, que querem ter uma vida correta,
digna e honrada. Esses estão fazendo todo esse tipo de bandalheira. Se fosse
num país comum a Justiça estaria tendo muito trabalho com muita gente. Agora,
como aqui a coisa parece que não é para funcionar mesmo ou funciona pela metade
ou um pouquinho menos, também com os cegos está acontecendo isso. Estão
vendendo rifa fria, televisão, máquina de lavar roupa, sem entregar os prêmios.
E aí quem é o vigarista? São os cegos. Não é o Fulano ou o Sicrano, entidades
fantasmas que criam e contra as quais - a entidade, por exemplo, que eu faço
parte, a Associação dos Cegos do Rio Grande do Sul, que vai completar 20 anos
de serviços prestados - e as demais entidades se rebelam. Mas qual é a fonte de
tudo isso, Senhores Vereadores, além da iniqüidade. E aqui vem a outra parte do
meu pronunciamento: num país onde não se dá emprego nem aos ditos normais e
onde se relega ao esquecimento os cegos, num Município onde uma Lei foi feita
para 62 deficientes possam trabalhar na rua - e que trabalho ruim - de expor
suas mercadorias na via pública para vender e que o Sr. Prefeito não cumpre a
Lei, apesar de ter prometido muitas vezes, apesar de dizer que esta causa que
eu defendo é muito cara para ele, apesar de me prometer que vai resolver,
apesar de tudo isso eu acreditando na palavra do Sr. Prefeito, sempre achando
que ele é um homem sério, sempre achando que ele está com boas intenções e
quero continuar pensando assim, porém estou me sentindo em dificuldades. O meu
apartamento está sendo sempre procurando por essas pessoas, moradores da
periferia da cidade ou da Grande Porto Alegre que aqui desenvolvem suas
atividades ou querem desenvolver porque o Sr. Prefeito não resolveu nada. O
Secretário Nereu D’Ávila passou por mim várias vezes, ontem, na pré-sala do
gabinete do prefeito. Ouvi sua voz e, ele nem cumprimentou como fizeram os
Vers. Vieira da Cunha e Milton Araújo. Não cumprimentou porque não quer
resolver o assunto, pensando que eu não reconheceria a sua voz. E querem meu
voto nesta Casa. Como vou fazer isso? O que vou dizer aos cegos? Esse Prefeito
não nos atende, ora, então, não posso.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Em primeiro lugar, externo a solidariedade de nossa
Bancada no assunto de que V. Exa. É tão ciosa. Tenho sido testemunha do seu
esforço no encaminhamento do assunto dos deficientes com relação ao centro da
cidade. Realmente, as coisas não são fáceis. Posso dizer-lhe que não tem
faltado o alerta ao Sr. Prefeito, desta liderança, no sentido de atender às
justas e reclamadas medidas que V. Exa. Pede em favor dos deficientes. A
Bancada, mais uma vez, retornará a presença de V. Exa. o Sr. Prefeito para
levar-lhe a preocupação não apenas da Vereadora como representante dos
deficientes, mas dizer que a Bancada do PFL se soma no esforça de cada um dos
seus integrantes e também dizer-lhe que a situação de cada Vereador do PFL é a
preocupação de todos os Vereadores. Nós agimos em bloco. Em bloco vamos
permanecer.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Agradeço-lhe pela
solidariedade e também me solidarizo com essa afirmação de votarmos em bloco.
Estabeleço, Vereador, uma correlação de todas as coisas que estão acontecendo
no município de Porto Alegre: promete-se reformas de escolas e dão-se maquetes;
promete-se resolver o problema dos cegos, deixar os cegos trabalharem e o
Vereador Nereu D’Ávila se esconde para não falar comigo; promete-se - o Ver.
Paulo Satte ontem levou uma lista de promessas lá para o Sarandi de fazer
inveja, em menos de quinze minutos resolveu todos os problemas do Sarandi no
papel - e pedem o meu voto, o voto do PFL, o voto da Casa, para projetos de
vendas de terrenos em Porto Alegre, áreas nobres, com promessas de que vão
fazer creches para as criancinhas. Tenho que acreditar nisto, Srs. Vereadores,
mas será que posso acreditar nisso, Srs. Vereadores?
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Nobre Vereadora, quero dar a minha solidariedade
pessoal e do partido sobre o assunto que V. Exa. enfoca, porque vamos estar
juntos na solução do mesmo, como temos feito com os grandes problemas de Porto
Alegre.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Agradeço, Vereador, veja
que a conduta é a mesma, de muitas promessas, mas já passou a eleição! Agora
era hora cumprir um pouquinho. Como é que vão obter o voto desta Casa, o
respeito desta Casa se não resolvem os problemas? Tem cego passando fome, com
Casa do DEMHAB atrasada, pois não estão podendo pagar, com suas banquinhas.
Temos cegos no caminho da marginalidade, Srs. Vereadores, pois disseram que já
não acreditam em promessas, pois já lhes prometeram muito.
Eram essas as considerações. Denunciando aqueles maus elementos que não
querem trabalhar e que, inclusive, andam fazendo ameaças para as assistentes
sociais da Associação dos Cegos, até com armas, dois ou três, porque não tem
polícia, a polícia não prende cego, aliás, não prende muita gente neste país, e
os cegos entraram no esquema. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: Tempo de Liderança.Com a palavra o Ver.
Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, praticamente numa mesma página vejo assuntos semelhantes em relação
à saúde pública, a municipalização da saúde pública.
Diz na página 34: “Canoas vai ter quatro distritos sanitários”. E diz
na página 30: “O Secretário Municipal de Saúde Olímpio Albrecht defende a
municipalização da saúde pública”.
Eu vou falar tantas vezes quantas forem necessárias para que o porto-alegrense
saiba o que ocorre na Cidade. Acho estranho que o Secretário do Município diga
isso, quando o Prefeito de Porto Alegre veta um Projeto deste Vereador que
visa, exatamente, à municipalização. O Secretário Olímpio Albrecht é a favor da
municipalização. Será que ele não sabe que o seu Prefeito vetou um Projeto que
tinha este sentido? O de criar os Centros Integrados dos serviços essenciais,
descentralizando a saúde pública, indo em direção aos Municípios, exatamente os
mais carentes.
É incrível que Porto Alegre
seja privada, seja impedida de criar estes Centros Integrados, quando em todo o
território nacional só se fala nisto. Há dez anos eu defendo esta idéia e há
menos de um ano nós votamos, nesta Casa, este Projeto e, para surpresa
desagradável nossa, o Prefeito veta o Projeto por ser, pasmem, contrário ao
interesse público que existam centros integrados nos Bairros. Aonde teríamos um
posto policial, INAMPS, um posto de saúde pública do Município, sanitários
públicos, comunicação e transporte. Agora, quando o Sr. Secretário diz que quer
municipalização, ou ele é mal informado, nem lê que é aprovado ou mora em São
Leopoldo como diz o Ver. Raul Casa. Mas mesmo assim é uma pessoa que eu admiro
o Dr. Olímpio Albrecht, médico de renome, e agradeço a ele que apoie a idéia de
municipalização. Só lamento que o Prefeito seja contrário a uma idéia que vise
a descentralizar a segurança, a saúde, a higiene nas áreas mais desassistidas.
Os centros integrados seriam órgãos de apoio ao Pronto Socorro Municipal, naquelas
situações mais simples. Infelizmente vamos ter que retornar com esse projeto
nesta Casa, já falei com Vereadores e vamos ter que insistir quantas vezes for
necessário, para que Porto Alegre tenha esse atendimento decentralizado. No que
concerne à segurança pública tenho mais idéias: construção, nos quarteirões
centrais de Porto Alegre, de guaritas que dariam segurança à população que
transita naquelas áreas, bem como aos turistas que nos visitam, tudo integrado
com os centros. Parece-me que, quando se pensa em algo desta ordem, como o Ver.
Comin que é homem interessado em saúde pública e, eu tenho o maior respeito por
seu trabalho, me parece que quando se pensa desta forma, o Prefeito age de
maneira partidária. Como eu não sou de seu Partido, o Projeto, então, é
contrário ao interesse público, privando a população de uma solução que, se não
é a melhor, é a possível, é a viável, em atendimento às necessidades mais
prementes, mais urgentes, mais essenciais, como o Projeto mesmo diz, da
população de Porto Alegre. Mais uma vez eu reafirmo a minha idéia, porque os
exemplos estão aí. Canoas, que é um Município pequeno, vai ter quatro; Porto
Alegre deveria ter quinze, vinte, tinta centros integrados. Mas, infelizmente,
o Prefeito Municipal, o socialismo moreno, crioulo, eu diria muito mais que
mulato...(Pausa.) Ouvi V. Exa. Me chamar de racista, Ver. Adão Eliseu,
absolutamente, racista é quem age desta forma. É em relação ao Prefeito,
Vereador, e não às pessoas. Mas, vamos, então, passar para o socialismo branco,
loiro demais para o meu gosto, para não dizer que eu sou racista, o Prefeito
insiste em ter uma posição contrária aos interesses dos munícipes, porque diz
que ter esses centros integrados são algo contrário ao interesse público. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): O
próximo Vereador inscrito é o Ver. Auro Campani, que cede seu tempo ao Ver.
Adão Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, quero citar o fato de alguns professores estarem
nos visitando hoje à tarde, no intuito de acompanhar os debates em torno de uma
possível votação de um Projeto de criação de cargos de diretores, nas escolas
municipais. Acho que foi um debate falso, a título só de aviso, de
solidariedade. Consultamos agora há pouco, o Diretor Legislativo e ele nos
informou que o Projeto recém deu entrada nesta Casa, nem correu Pauta ainda.
Estou informando isto só a título de colaboração. Portanto, hoje, mesmo que o
Projeto estivesse nesta Casa, não entraria em votação, porque hoje não é dia de
votação de Projetos de Lei.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero aproveitar esta
oportunidade para fazer um comentário a respeito do que está acontecendo, em
matéria de cultura, no Município de Porto Alegre. Verificando os jornais de
alguns dias, do fim-de-semana e início da semana, a “Zero Hora” do dia 15, o
“Diário do Sul” do dia 17, observamos que o Município não está somente
preocupado com as artes mais elevadas, se é que pode haver graduação, patamares,
em matéria de artes. Quando se fala em arte, nós lembramos do Teatro São Pedro,
do Leopoldina, do Centro de Cultura, etc.. Lembramos do Balé, da pintura
clássica, enfim, de todas as artes clássicas e jamais nos preocupamos com as
artes populares, jamais nos preocupamos com a arte realizada no dia-a-dia, pelo
povo brasileiro, pelo povo rio-grandense e, acima de tudo, pelo povo
porto-alegrense. Pois o Governo Collares está preocupado com as artes
populares. Olhem bem a manchete do Jornal Zero Hora: “Renascença abre espaço
para o Projeto Ivaldo Roque”. Projeto: “Sambistas ganham palco do Teatro da
Prefeitura”. Isto no “Diário do Sul”.
Vou ler um trecho da “Zero Hora”,
para que os senhores tomem conhecimento e para que esta matéria integre aos
anais desta Casa. (Lê.)
Este ano poderá ficar marcado como o do amadurecimento dos artistas que
fazem samba em Porto Alegre. Porque finalmente eles começaram a tomar
consciência de que têm um público grande e, então, podem sair dos poucos bares
em que se apresentam, partindo para conquistar espaços em teatros. Nosso samba
precisa emergir, porque qualidade não lhe falta e há alguns nomes que já
poderiam ter expressão nacional. Depois do sucesso das três apresentações de
Wilson Ney (um desses nomes), vem aí uma iniciativa que vai dar o que falar: o
Projeto Ivaldo Roque. Será uma promoção muito importante. Por um lado, porque
com ela o Teatro Renascença inaugura uma nova opção para música nos espaços da
Divisão de Cultura: o horário das 18h30min, às terças e quartas-feiras.
Por outro lado, porque o projeto colocará no palco, durante setembro e outubro,
mais de 20 nomes do samba”.
Já no “Diário do Sul”, diz o
seguinte: (Lê.)
Começa a mudar na prática a
visão cultural em Porto Alegre. Isto está explícito a partir da decisão tomada
esta semana de se abrir um novo horário para a realização de espetáculos no
Teatro Renascença: o horário das 18h30min, sempre às terças e quartas-feiras. Co
o apoio da Divisão Municipal de Cultura, inicia dia primeiro de setembro o Projeto
Ivaldo Roque, uma idéia de Carlos Alberto Barcellos (o Rôxo), voltada
exclusivamente à área do samba.”
Senhores Vereadores, temos aí uma iniciativa que começa a se espalhar por toda a cidade; a imprensa rio-grandense e, em especial, a porto-alegrense, como se viu, como tive a oportunidade de ver e ouvir já publica um novo rumo da cultura porto-alegrense. Já não se fala somente em balé, teatro, o que é muito importante, fala-se também na periferia da Cidade, nas vilas da Capital, na oportunidade que o Governo Collares está dando, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura e através da Divisão de Cultura, especificamente, hoje dirigida pelo Professor Joaquim Felizardo, oportunidade para aqueles que fazem música popular, aqueles que como diz a reportagem, antes só possuíam alguns bares da nossa Cidade, pequenos e modestos bares, para propagar sua música, o samba, a música do povo brasileiro. Hoje, a Prefeitura Municipal, através do Governo Alceu Collares já criou um ambiente propício no teatro Renascença para que se faça a música brasileira, para que se propague a música brasileira, para que se leve ao teatro a música brasileira. Parece-me uma iniciativa digna de louvor, esta de fazer, de criar um ambiente para que se faça a arte como arte, arte pela arte, arte engajada, que se faça também, arte popular. Uma delas, acima de tudo bem brasileira, é realmente o samba que, nas madrugadas, no alvorecer da formação do nosso país, firmou posição e percorre o mundo como sendo a música representativa da nossa gente. O organismo da Prefeitura que trata da parte cultural no âmbito da literatura, das artes plásticas, teatro, cultura e história, tem um público muito grande, Srs. Vereadores. Freqüentam mais ou menos a Divisão de Cultura do Município, diariamente, cerca de 1.500 a 2.000 pessoas, hoje mais do que nunca, no governo Collares, a cultura está encontrando o seu lugar para estar e para ficar. E os jornais já publicam as programações diversas que ocorrem, que são levadas a efeito no Teatro Renascença, enfim, na Divisão de Cultura. Esse era um registro que queria fazer, em torno da iniciativa do governo Alceu Collares, através da Secretaria de Educação e Cultura, da Divisão de Cultura como órgão daquela Secretaria, no sentido de propagar e criar condições também para a arte popular brasileira, para o samba brasileiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver.
Artur Zanella que cedeu seu tempo ao Ver. Hermes Dutra. V. Exa. tem 10 minutos.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Há na Cidade, em andamento, o chamado projeto Rio Guaíba e que o
Prefeito agora anuncia o chamado projeto Praia do Guaíba, que segundo V.Exa. Vai
permitir que nós nos banhemos aqui na frente do beira-rio, sem que fiquemos com
algumas coisas grudadas no nosso corpo. Sem entrar no mérito do projeto do Sr.
Prefeito, há uma questão que não diria preliminar, mas uma questão de
fundamental importância e que deve ser levantada ou preliminarmente ou
paralelamente a estes dois projetos. É sabido que o Rio Guaíba, por uns chamado
de lago, por outros chamado de estuário, e eu particularmente prefiro esta
denominação de estuário, não é um rio que se forma por si mesmo, ele tem como
formador o rio dos Sinos, Gravataí, Caí, Jacuí que desaguando no Rio Guaíba
trazem para a cidade de Porto Alegre a beleza destas águas, mas trazem também
com suas correntezas determinado tipo de poluição desenvolvida por indústrias que,
ao longo do leito da margem desses rios, se formaram há muitos anos e não param
de, dia-a-dia, poluí-lo cada vez mais. Então nós, porto-alegrenses, poluímos o
rio Guaíba com uma carga violenta de esgotos que são largados de uma forma “in
natura” no canal de navegação. O Projeto Rio Guaíba, em andamento, prevê o
tratamento deste esgoto e, segundo os técnicos, o líquido a ser largado no rio
não influirá de forma negativa na água tornando-a quase um grau de potabilidade
na hora da própria coleta. Ora, se o Projeto Rio Guaíba for concluído em tempo
próximo e não para as calendas gregas, se o Projeto Praia do Guaíba der certo e
eu não quero aqui discutir o seu mérito, nós continuaremos como os formadores
de outro tipo de poluição menor, mas, mais grave do que a população faz do seu
rio, porque a poluição do rio Guaíba feita pela cidade de Porto Alegre é
através de dejetos cloacais, mas a maior parte da poluição dos rios que formam
o Guaíba é feita por dejetos industriais. E, nesses dejetos industriais há, inclusive,
os chamados metais pesados como o mercúrio e tantos outros que trazem sério
risco à saúde pública, que uma vez ingeridas trazem deformações genéticas que
vão se manifestar nas próximas gerações. Pensando nestas questões, neste
fim-de-semana, conversando com o Ver. Laroque do PDT da cidade de Canoas, da
Comissão de Saúde daquele Legislativo, cheguei a seguinte idéia que lanço nesta
tribuna e estarei fazendo oficialmente à Comissão de Saúde e Meio Ambiente, da
qual faço parte, para que se inicie imediatamente um trabalho em nível
Legislativo - que é a nossa parte - junto às Câmaras de Vereadores das cidades
que margeiam esses rios. Depois, então, numa segunda etapa, juntamente com as
autoridades estaduais a quem caberia, nessas comunidades menores, uma atuação
mais intensa pela eterna falta de recursos destes municípios, quem sabe termos
uma atuação mais voltada para o saneamento destes rios, o que vai influir, e de
forma decisiva, na despoluição dos resíduos industriais do rio Guaíba. Esta
proposta que estou encaminhando à Comissão de Saúde e Meio Ambiente é uma
questão de justiça da Cidade para com seus habitantes e todos sabemos que,
notoriamente, a cidade de Porto Alegre tem mais condições e, é óbvio, o nosso
Legislativo é um Legislativo mais forte, com mais condições de trabalho. Há
outras cidades menores, mas cujo grau de responsabilidade na poluição do Rio é
maior do que a cidade de Porto Alegre, só que as Câmaras não tem tantas
condições quanto a nossa. Então, a proposta que estou encaminhando à Comissão
de Saúde é para efetuarmos reuniões da Comissão de Saúde da Câmara de
Vereadores de Porto Alegre juntamente com as Comissões de Saúde nas Câmaras -
onde existirem -, ou com os Vereadores em geral onde não existir Comissão de
Saúde, juntamente com um órgão técnico do município local, para, num primeiro
momento, trocarmos idéias e começarmos a levantar esta grave questão que pode
tornar inviável a idéia de Porto Alegre daqui a 5 anos, 10 anos, 20 anos, não
sei quando, ter o rio Guaíba completamente despoluído, porque por mais que
Porto Alegre faça, por mais que nós limpemos o nosso rio, por mais que o
Executivo gaste dinheiro no saneamento, se não estancarmos os focos poluidores,
que são os rios que formam o estuário, estaremos sempre correndo o sério risco
de, não só termos jogado dinheiro fora, como sobretudo colocar em risco a vida
daqueles que forem se banhar nas, então, esperamos, lamacentas e sujas águas do
Rio Guaíba.
A Sra. Jussara Cony: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Digo-lhe da satisfação em função da propriedade com
que V. Exa. levanta essa questão não só sob o ponto de vista técnico, mas
também sob o político, dando uma orientação para que efetivamente os
legislativos das cidades envolvidas pelo chamado estuário do Guaíba possam ter
uma ativa participação. Não podemos ver Porto Alegre isolada desse contexto.
Não tenho dúvidas de que a sua proposta será aceita pelo pleno da Comissão de
Saúde, na medida em que ela é viabilizadora do que tem sido uma constante na
comissão: uma efetiva participação e integração, através da comunidade e/ou de
seus integrantes para resolução de problemas que visam a melhoria da qualidade
de vida da população. Hoje, à noite, estaremos dando início a um processo,
solicitando por diversas entidades, aqui, para discussão desse plano, dessa
idéia, dessa proposição do Sr. Prefeito. Nesse sentido, parece-me que seu
encaminhamento vem em boa hora e, naturalmente, V. Exa. deverá tomar as
providências necessárias para que a COSMAM oficialize sua proposta, à qual é
correta à situação a ser enfrentada, na medida em que teremos a discussão da
validade ou não desse possível projeto.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato. Essa era a
posição que esperava de V. Exa. Mas, há outra questão, a qual chamarei a
atenção da Casa. É sabido e temos que reconhecer que, cidades pequenas, a
influência dos legislativos é perna, porque ela está sujeita em grau maior a
outras influências extralegislativas que impedem que medidas sejam tomadas,
medidas mais drásticas contra a poluição dos rios. Cito como exemplo disso a
questão do imposto predial. Existem pequenos municípios onde sequer se cobra o
imposto predial, porque o poder político municipal não consegue se impor aos
interesses imediatistas e oportunistas dos munícipes que não querem pagar os
impostos.
Então, na medida em que Câmaras mais fortalecidas, como a de Porto
Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo se reunirem de juntar-se à Câmaras
de cidades menores que margeiam o Rio Guaíba, como Gravataí, Cachoeirinha,
também nas margens do Rio Caí, o Rio dos Sinos, nós estaremos formando um bloco
muito grande e poderoso, politicamente, capaz de influenciar, até mesmo, o
poder maior, que é o governo do Estado, com vistas à determinação de normas,
que já existem e que não são cumpridas, e sobretudo o cumprimento dessas que já
existem.
Agora, não se poderá esperar uma ação forte e decisiva se não houver
uma união dos Legislativos. Porque não adianta querermos ignorar as pressões
que existem. E até diria que são pressões, de ordem, eminentemente, naturais.
Concluo, Sr. Presidente, na certeza de que estaremos prestando um
serviço para o futuro da cidade de Porto Alegre, porque por mais que o Projeto
Rio Guaíba faça, e vamos admitir que dê certo o Projeto Praia do Guaíba, e
repito, não quero discutir o mérito neste momento, na verdade, se não
estancarmos os focos da poluição, via rios que formam o estuário do Guaíba,
nós, efetivamente, estaremos comprometendo o futuro de qualquer idéia de
balneiabilização do Rio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Aranha
Filho. V. Exa. Tem dez minutos.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Nesta Casa hoje, pródiga por sinal, ocupou a tribuna o Ver. Jorge
Goularte e discorreu sobre saúde pública. Logo a seguir, o Ver. Hermes Dutra
também ocupou a tribuna e solicita por parte desta Casa providências pela
Comissão Permanente de Saúde e Meio Ambiente, para que estude e faça
comparativos, principalmente com a grande Porto Alegre, para o sistema do Projeto
Rio Guaíba. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não sei se por causa de uma
formação na área das ciências exatas é que prefiro tentar viabilizar as coisas
com um programa pré-estabelecido dentro das devidas prioridades. E é exatamente
para isto que ocupo a tribuna nesta tarde, para solicitar tanto do Governo
Municipal, como do Estadual e do Federal prioridades para a questão de saúde,
Saúde pública que vejo tantos e tantos Vereadores interessados nesta matéria. É
a saúde pública, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma das prioridades que deve
preocupar, não só esta Casa Legislativa, como a população em geral e, como são
os Vereadores os representantes do povo, acredito que, todos eles estão
interessados em priorizar esta área. Vejam, por exemplo, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, as chuvas caem e caem constantemente nesta época e diversos
oradores já ocuparam esta tribuna para falar do DEP. Como é importante este
Departamento para o Município de Porto Alegre e está aí, hoje, diria até
acéfalo. Não acéfalo de liderança, porque lá existe um Diretor e poucos
técnicos e elementos a tentar fazer alguma coisa por Porto Alegre. Mas as
chuvas caem e este Departamento é incompetente para resolver os problemas desta
Municipalidade. Quantos e quantos carros vimos boiando neste último
fim-de-semana. Inclusive o do Vereador que hoje preside os trabalhos, Ver.
Frederico Barbosa, que foi obrigado, num entroncamento, tentar laçar e segurar
com unhas e dentes o seu automóvel para não ver rolar pela força das águas. Quantos
e quantos obstáculos não foram tombados e desviados pela força das águas neste
final de semana e o DEP, um Departamento tão importante, não tenha a prioridade
do Governo Município. Aliás, não só deste Governo, mas de outros que passaram,
também. Quantos e quantos anos estamos vivendo com este problema e nada é
feito. Enquanto isso, as águas caem e a grande Porto Alegre já registra 5.473
pessoas em situação precária, vendo suas casas tomadas pelas águas. E a defesa
civil do Estado e a defesa civil do Município, incompetentes, também, para
resolver os problemas, e a saúde pública, as doenças, a cada ano que se passa,
aumentam. Sabe-se que, a cada julho, a cada agosto, a cada setembro, em nosso
Estado, as chuvas chegam. E está o DEP, mais um ano, sem as condições mínimas
de trabalho. Está a defesa civil, do Estado e do Município, com as mãos
completamente amarradas. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando é vamos
ter um programa de governo, em nível municipal, em nível estadual e em nível da
União, no qual se possam colocar prioridades, e dizer o que é bom e o que é
ruim, o que é prioritário e o que não é, o que deve ser feito já e o que pode
ser deixado para amanhã. Quando? É necessário, isto sim, que tenhamos uma
catástrofe, em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, para que as autoridades
tomem consciência deste problema, que é grave e que já rola há mais de 20 anos.
Há cerca de três meses atrás, desta mesma tribuna, informávamos que a defesa
civil do Estado e a defesa civil de Porto Alegre são, nada mais nada menos, do
que simples apagadores de fogo, simples bombeiros do prejuízo que, quando as
coisas acontecem, saem correndo para ver o que dá para fazer, o que dá para
salvar. Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, existem técnicas, atualizadas e
modernas, que é a Engenharia de Prevenção de Perdas. Se existe uma história de
que enchentes acontecem nos meses de julho, agosto e setembro, porque não
preveni-las? Esta é uma constante, nós temos a história que nos conta. Existem
queimas e elas têm meses característicos. Porque não as prevenimos? Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a administração por crises é um fato, administrar
por crise é simplesmente deixar o barco correr, ao sabor da correnteza, é
ignorar o que existe, é rasgar o que existe de técnica, é simplesmente deixar o
dia passar; e com tudo isso, a saúde pública deixa a desejar, as nossas
famílias expostas aos problemas decorrentes das cheias, mas a administração
pública, não estou falando desta, mas de todas que já se passaram e que não
ligam para o que existe de técnicas.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ouço com atenção o belo pronunciamento de V. Exa.
para dizer da nossa preocupação com relação ao setor que V. Exa. aborda, saúde,
com relação à nova Constituição. A informação que se tem é de que a saúde será
municipalizada, de acordo com a nova Constituição e os aportes financeiros
correspondentes a esta nova responsabilidade serão irrisórias. Esta é a
informação que temos de uma das figuras mais acatadas da Câmara dos Deputados,
membro da Constituinte, que é o Deputado Irajá Andara Rodrigues.
O Sr. Ennio Terra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero me aliar ao pronunciamento de V.Exa.; sei das
dificuldades que vem encontrando o Diretor e hoje o município terá que pagar
uma ação judicial em conseqüência das chuvas em Porto Alegre; por esta razão me
alio ao seu discurso e acho que o DEP deve merecer uma atenção melhor.
O SR. ARANHA FILHO: Só faço um reparo ao
pronunciamento de V. Exa.: não é o Departamento que vai pagar, é o governo
municipal e, aliás, acho que os porto-alegrenses, rio-grandenses e os
brasileiros acionam muito pouco os governos, pela omissão perante as coisas
públicas; muito e muito mais este povo teria que acionar o Governo Municipal,
Estadual e Federal pelos problemas acarretados.
O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É de suma importância e oportuno o seu
pronunciamento. Todavia, gostaria de lembrar que as cheias no Rio Grande do
Sul, especialmente em Porto Alegre, têm as mesmas características das secas
nordestinas, são cíclicas. Temos de tomar cuidado para não incorrer no erro
incorrido pelos políticos e administradores dos estados nordestinos que já
criaram a indústria das secas; não podemos criar uma indústria das cheias no
Rio Grande do Sul. O Estado toma suas providências quando ocorrem essas cheias
e hoje o Município está reunindo meios para se socorrer, é o que pode fazer
diante da natureza o Prefeito Municipal, isto é, reunir meios para socorrer os
flagelados, os que sofrem as agruras das cheias na grande Porto Alegre. V. Exa.
tem toda razão, mas temos de nos cuidar para não criarmos a indústria das
cheias.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Entendo que V. Exa. coloca na hora exata um
pronunciamento da mais alta importância para nossa cidade. Se a Câmara de
Vereadores de Porto Alegre apenas durante um ano conseguisse uma maneira de
ajudar o Sr. Prefeito a resolver esse problema, teria realizado seu grande
papel, mas o que ocorre, além dos problemas citados por V. Exa. E por todos os
demais, é que com a rede de esgoto insuficiente em Porto Alegre há nesse
momento a precipitação dos dejetos sólidos com os líquidos e nossa sorte é o
frio, pois se não fosse o frio teríamos de usar muitos produtos químicos para
evitar uma grande epidemia.
O SR. ARANHA FILHO: Requeiro o tempo de
Liderança do Partido da Frente Liberal.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Aranha Filho o PMDB
havia se inscrito pelo seu Líder Flávio Coulon. Solicito ao Ver. Flávio Coulon
a transposição de tempo.
Liderança com o PFL, Ver. Aranha Filho, 5 minutos sem apartes.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, realmente solicito tempo de liderança para continuar minha
explanação inclusive na tentativa de responder aos apartes que me foram dados.
Inicialmente o Ver. Adão Eliseu disse que o Governo Municipal está reunindo e
fazendo esforços e não gostaria de incorrer no risco dos nordestinos que fazem
a indústria da seca. Absolutamente, nobre Ver. Adão Eliseu não é esse o meu
objetivo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste exato momento, penso nas
cheias que ocorrerão no ano que vem em julho, agosto e setembro. Que tenham
pelo menos um estudo próprio, prévio, porque se acontecer isso nós teremos como
resolver o problema. Nós temos que estar prevenidos. Se na bacia do Passo
D’Areia tivermos cheias e irão acontecer, se já não aconteceu neste
fim-de-semana, o Poder Público Municipal irá isentá-los do excesso d’água,
porque é a única maneira que tem um proprietário de limpar a sua casa, lavar a
sua casa, depois das cheias com água e com terra, é tentar limpar com água e,
ao final do mês, as contas de excesso d’água aparecem para aquele proprietário
que teve sua casa invadida por falta de condições que deveriam ser dadas pelo
poder público. Então são essas as providências, é este o apelo que faço para
que o poder público municipal olhe com olhar preventivo para as coisas que
certamente irão acontecer, porque é cíclico. Que irão acontecer em julho,
agosto e setembro do ano que vêm. Que previna-se; que dêem condições ao DEP,
que dêem condições à Defesa Civil do Município, porque tenho conhecimento é
composta por 2 elementos que nada fazem a não ser pedir condições para
desenvolver seus trabalhos. E até hoje sempre relegados a um segundo e terceiro
plano. Estão quase um olhando para o rosto do outro, durante todo esse tempo
que se passou da administração atual. Calculo que os líderes da defesa civil do
Município, em anos anteriores, também tenham feito a mesma coisa, senão um
olhar para o rosto do outro. E quando em conjunto se dirigem ao Executivo
Municipal pedindo verbas, pedindo condições para trabalharem, são relevados a
um segundo ou terceiro plano. De forma que a Defesa Civil do Município, a Defesa
Civil do Estado existem para apagar os grandes incêndios. Só trabalham depois
que as coisas acontecem. Lamentavelmente, o sistema preventivo não é olhado com
bons olhos. Lamentavelmente! E é nesse sentido, Ver. Adão Eliseu que,
aparentemente, poderia ser uma crítica, mas tenho certeza de que é uma crítica
construtiva, que faço ao governo municipal e estadual, para que se previna
antes que uma catástrofe maior aconteça. Aí, quando poderíamos chorar poucas
perdas, iremos chorar muitas e muitas vidas e muitas e muitas situações. Era
isto, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Flávio
Coulon, pelo PMDB.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, eu
pretendia falar em Comunicações a respeito, exatamente, das críticas que sofreu
esse documento do IAB-RS e aonde eu iria colocar a posição de absoluta
estranheza e da mais total estupefação em relação aos adjetivos que eu vi ao
Sr. Prefeito da cidade e ratificados pelo líder da Bancada do PDT falarem em relação
a este documento. Mas, amanhã, eu pretendo ter um tempo maior onde me
debruçarei com mais vagar a respeito desse documento.
Mas é bom, Ver. Ennio Terra, Ver. Getúlio
Brizolla, Ver. Adão
Eliseu que V. Exas. permaneçam porque, na falta da liderança do PDT, V.Exas.
poderão requerer as informações que agora irei solicitar da Tribuna. A bancada
do PMDB tomou conhecimento no Jornal “Zero Hora”, de domingo, de uma nota que
se chama “O Povo no Governo” com uma fotografia e assinatura do Ver. Valdir
Fraga como Secretário do Governo Municipal. Todos nós, membros da Vereança
nesta Casa, conhecemos muito bem a estatura moral do Ver. Valdir Fraga, de modo
que não nos passa pela cabeça que esta matéria tenha sido matéria não paga,
deve ter sido matéria paga. E quer nos parecer e não nos passa pela cabeça que
essa matéria não teria sido paga pelo Ver. Valdir Fraga. Essa, justamente, Ver.
Ennio Terra, a informação que esperamos da bancada do PDT, a fim de que as
dúvidas surgidas sejam esclarecidas. Ouviremos a sua resposta que, certamente,
será embasada numa documentação bastante elucidativa para que a bancada do PMDB
e a opinião pública possam assegurar a lisura de todo o processo. Lisura essa
que, em nenhum momento, por conhecer o Ver. Valdir Fraga, foi colocada em dúvida.
A dúvida que temos é de que se o tel. 156 resolve os problemas, ao passo que os
Pedidos de Providências feitos por nós, ao Executivo, raramente resolvem os
problemas, se não é melhor, em vez de os fazermos, dizermos às pessoas que
telefonem ao 156. Nós temos dificuldades no atendimento dos pedidos. Isso
segundo depoimento dos meus colegas. Eu tenho me dirigido diretamente aos
órgãos da PMPA e tenho sido muito bem atendido, diga-se de passagem. Agora,
desejamos os esclarecimentos a respeito das 136 mil solicitações atendidas, em
que os Vereadores peemedebistas tenham, muitas vezes, as reivindicações não
atendidas. Desejamos esclarecer os nossos eventuais eleitores no sentido de que
se devem, em vez de nos pedir, ligar para o 156 - telefone mágico que atende
todas as solicitações. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em Comunicação de Liderança,
palavra com o Ver. Ennio Terra.
O SR. ENNIO TERRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Apesar de estar com o documento na mão a minha intenção não era
falar sobre a fotografia do Ver. Valdir Fraga, mas posso adiantar, e
futuramente virá um comprovante que, na realidade, aquela matéria foi paga por
V.Exa. o Ver. Valdir Fraga.
Mas, apenas, quero me refletir a um órgão importante da nação e do Rio
Grande do Sul, que é o Instituto dos Arquitetos do Brasil, quando se recebe um
documento de uma associação de bairro, que, por razões possa-se vir, na sua
exposição, uma palavra agressiva ainda se pode relevar. Mas não posso entender,
que no Brasil está cheio de sábios, de intelectuais, que o Instituto dos
Arquitetos do Brasil-RS possa mandar um documento para os Vereadores avaliar
onde chamam um colega seu de indivíduo. As expressões das pessoas que assinaram
este documento estão comparando estas duas figuras do município de Porto
Alegre, como se fosse o “Vico”, dois marginais.
É de lamentar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que pessoas que
considero de alto nível, que estejam no Instituto dos Arquitetos, possam mandar
documento para esta Câmara e chamar um colega seu de “indivíduo”. E o direito
nos dá oportunidade de distorcer as coisas. Mas, acredito que o órgão da
competência que é o Instituto dos Arquitetos do Brasil poderia ter usado uma
outra expressão, porque os seus nomes não estão assinando o Projeto Rio Guaíba
e me chamou a atenção o nobre Vereador Adão Eliseu - eu não sabia, fiquei
sabendo neste momento - que o Prefeito devolveu este documento ao Instituto,
porque não aceitou em razão dessas palavras citadas aqui. Nós estamos vivendo
um momento de agressão em todos os níveis, inclusive, as pessoas que se chamam
intelectuais deste País, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria que a Ver.ª
Jussara Cony estivesse presente, porque eu não vou me aliar - hoje tenho uma
reunião com a Comissão a qual faço parte - a pessoas que usem esses termos para
fazer chacota do Prefeito da nossa cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 15h59min.)
* * * * *